O futuro da Amazônia

Agência FAPESP – Cientistas de 14 instituições de pesquisa europeias e sul-americanas – incluindo o Brasil, a Bolívia, a Colômbia e o Peru – iniciaram um novo e ambicioso programa de pesquisa para prever o que poderá ocorrer com a Amazônia ao longo das próximas décadas.
Intitulado Amazalert, o projeto tem como objetivo testar previsões que sugerem que, sob contínuas mudanças climáticas e desflorestamento, as florestas da região amazônica poderão estar vulneráveis a degradação em diversos aspectos, como no clima, águas e comunidades.
O programa pretende avaliar o quanto essas previsões são prováveis e, em caso positivo, antecipar onde, como e quando isso deve acontecer. O orçamento é de 4,7 milhões de euros, financiados conjuntamente pelo European 7th Framework Programme e por organizações nacionais.
A equipe é liderada pelos pesquisadores Bart Kruijt, da Universidade de Wageningen, nos Países Baixos, e Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), membro da Coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Os cientistas estudarão um possível sistema que detecte sinais de degradação de grandes dimensões na floresta, e que inclui um sistema de alerta caso uma situação de perda de floresta irreversível pareça provável.
O Amazalert também avaliará impactos e efetividade de políticas públicas e medidas para a prevenção da degradação da Amazônia. Serão reunidas informações disponíveis em trabalhos anteriores sobre clima regional, sensibilidade das florestas e ciclo da água, desflorestamento, os impactos sobre as leis e respostas aos impactos na bacia amazônica.
Os pesquisadores explorarão em detalhes observações resultantes de programas como o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) e simulações de mudanças climáticas globais, conduzidas pelos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
O projeto também pretende melhorar a compreensão do papel do fogo, e como a população, agricultura e governos poderão responder às mudanças do clima e do meio ambiente.
Segundo a equipe do programa, também serão envolvidos diretamente representantes de instituições e governamentais para que suas perspectivas sejam incluídas na modelagem e para auxiliar no desenvolvimento de um modelo para um sistema de alerta.
Dentro de três anos, o projeto deverá fornecer um conjunto de ferramentas aprimoradas para avaliar e assessorar as tomadas de decisão na gestão futura da região amazônica, incluindo formas de monitorar o funcionamento da Amazônia para evitar mudanças irreversíveis em seus serviços ambientais.
A reunião inaugural do projeto ocorrerá entre 3 e 5 de outubro no Inpe, em São José dos Campos.
 
Mais informações: www.eu-amazalert.org

Um Aspecto da Função Ideológica da Escola: o Currículo Oculto

Por Maria José Lopes da Silva*

Ao analisarmos os problemas educacionais, uma pergunta logo se levanta: será a escola uma transmissora de conhecimentos ou uma transmissora de ideologias?

Responderíamos que a escola, na verdade, é as duas coisas: se por um lado, é uma difusora dos valores ideológicos da classe dominante, por outro, também tem como atribuição a transmissão de conhecimentos.

Uma outra questão se põe hoje em dia: muita gente pergunta para nós, professores, "por que o meu filho não consegue aprender nada na escola?" É muito comum os nossos alunos estudarem bastante para uma determinada prova, mas se os testarmos naqueles mesmos conteúdos dois, três, quatro dias depois, já esqueceram tudo. Por exemplo, depois das férias, é sempre a mesma coisa, esquecem tudo o que "aprenderam no ano anterior". Por que será que essas coisas acontecem?

Pensamos que estas questões poderão ser respondidas a partir de uma análise que se faça da verdadeira função da escola. Dissemos, no início, que a escola é ao mesmo tempo transmissora de conhecimentos e difusora de valores ideológicos. Vale dizer que numa sociedade dividida em classes há a classe dos que trabalham e a dos que se apropriam do trabalho produzido pelos primeiros. Assim, numa sociedade capitalista, o trabalho está destinado às classes produtoras, às classes trabalhadoras. Quem se apropria desse trabalho é a burguesia. Da mesma forma em relação ao conhecimento. Como ele se produziu? Ora, ele se produziu nas relações entre os homens, nas relações sociais (de trabalho, familiares, culturais, etc.). Acontece que nas sociedades típicas de exploração, como é o caso da sociedade capitalista, o produto do trabalho gerado pelos homens nas suas relações mútuas é expropriado pela classe detentora do poder. Assim, o conhecimento é um meio de produção na medida em que é apropriado pela classe dominante, que o reelabora, transformando-o, para transmiti-lo através de uma instituição adequada que é, justamente, a escola. Então, é nessa medida que dissemos no início, que a escola é uma transmissora de conhecimentos. Ocorre que para que as relações de exploração possam se perpetuar na sociedade, é necessário que ao transmitir o conhecimento elaborado para a classe trabalhadora, a burguesia o faça, primeiro, de maneira banalizada, medíocre, de segunda mão, como se diz, e, segundo, de maneira seletiva. Quero dizer que nem todos aqueles que freqüentam a escola têm a possibilidade de se apropriarem do conhecimento da mesma maneira e na mesma proporção.

Na exposição que se segue sobre o problema do ensino oficial e das relações da escola com a sociedade, e que se estende aos problemas da democracia e às liberdades escolares, há também uma tentativa de resposta às duas questões postas inicialmente.

A escola tem, portanto, uma orientação ideológica. Por isso, a questão do conteúdo escolar é importantíssima. A questão da metodologia; a questão da sua orientação em relação às correntes pedagógicas... Se estes são conservadores, vão reforçar, naturalmente, as discriminações sociais, sexuais e raciais, a divisão entre o trabalho intelectual e o braçal, a importância da autoridade do professor. Se são inovadores, irão desenvolver o respeito à identidade de cada indivíduo, e a escola, certamente, estará voltada para as necessidades do aluno.

Numa sociedade dividida em classes, ou seja, numa sociedade em que o trabalho é dividido essencialmente em trabalho manual e intelectual, ou entre o campo e a cidade, o ensino também aparece dividido, como dois termos antagônicos. A escola, enquanto destinada aos interesses das classes dominantes, deixa de existir para as demais classes. Somente as classes possuidoras têm o direito a esta instituição especial que denominam escola, e que somente há pouco tempo, no início da Revolução Industrial, começou a se converter em perspectiva, numa coisa para toda a sociedade.

Só as classes dominantes têm uma instituição determinada para a educação das novas gerações, ainda que possa admitir entre elas indivíduos vindos de classes inferiores, para através dela serem educados para as funções superiores.

Só com o advento da Revolução Industrial é que surgiram instituições para a formação do trabalhador. A característica deste processo é que a estrutura educativa das classes privilegiadas, consolidada durante muitos anos, estendeu-se às classes subordinadas, levando-lhes o seu tipo de organização, a sua tradição e os seus métodos. E isto se deve ao fato da classe dominante procurar destruir as estruturas ou instituições típicas das classes subordinadas para impor as suas próprias.

Marx, no Prefácio à Crítica da Economia Política, estabelece uma relação tripla entre:

a. uma "base real", dada pelo conjunto das relações de produção, e que constitui a "estrutura econômica da sociedade";
b. uma "superestrutura jurídica e política" que se levanta sobre aquela base, e à qual corresponde;
c. "determinadas formas de consciência social".

Deve-se, entretanto, evitar fazer uma leitura esquemática destes três níveis, já que existe, como destaca o autor, uma identificação entre a "base real" com a sua "forma jurídica", e, em última instância, com todas as "formas ideológicas", em que homens e mulheres concebem e combatem o conflito real.

É, portanto, no interior da sociedade histórica, que podemos identificar a emergência da ideologia. Constitui-se a ideologia de representações através das quais os agentes sociais e políticos pensam a si mesmos, as instituições, as relações de poder, as relações de dominação. Estas representações justificam as formas da desigualdade, dos conflitos, da exploração e da dominação como sendo "naturais", isto é, universais e inevitáveis.

O discurso ideológico se caracteriza pelo ocultamento da divisão, da diferença, da contradição, na medida em que oferece aos homens e mulheres a representação de uma sociedade homogênea, sem divisões, sem antagonismos, ainda que de fato se ache totalmente dividida.

Pelo fato das idéias dominantes de uma época nascerem no meio das classes dominantes desta época, a ideologia é a tentativa de representar o universo do ponto de vista particular desta classe. Este ponto de vista objetiva escamotear as divisões sociais, isto é, a divisão do trabalho, a divisão entre as raças, a divisão entre os sexos, a divisão política, a do conhecimento...

Falando da nossa escola, da escola brasileira, ela mudou muito nas últimas décadas, devido a vários fatores, dentre eles, as misturas sociais. Vejamos: hoje em dia, nos bancos escolares, podemos encontrar o filho do operário, o classe média e o burguês. E isto pode até nos dar a ilusão de que todo mundo tem as mesmas chances, as mesmas oportunidades educacionais. Mas o que vamos verificar é que isto não é realmente verdade. E isto se deve sobretudo a mecanismos ideológicos que se vão produzir no interior da escola cujo objetivo é perpetuar as desigualdades, as diferenças de classe existentes na sociedade. Um destes mecanismos é aquilo que se chama o Currículo Oculto.

A primeira imagem que uma criança tem de si mesma, na maioria das vezes lhe é dada através da escola, nas relações com os colegas, professores, enfim, nas relações intergrupais e interpessoais que se produzem no espaço-escola. É lá, então, que, freqüentemente, a imagem do fracasso ou do sucesso é introjetada pela criança desde o maternal. A maioria dos filhos dos trabalhadores não está preparada para ingressar e se desenvolver nessa escola tal qual ela é concebida. Ao passo que os filhos da burguesia, sim, porque desde cedo, ainda no contexto familiar, já entraram, por exemplo, em contato com o conhecimento abstrato desligado da prática e já aprenderam a privilegiar a linguagem verbal nas suas comunicações. Essa criança, de alto poder aquisitivo, já se habituou a ser elogiada toda vez que faz um desenho bonito, canta uma música ou diz um versinho de maneira original, enquanto o filho do trabalhador vive numa outra realidade e aprendeu outras coisas. Portanto, quando essas crianças de origem de classes diferentes ingressam no mundo da escola, encontram uma realidade que privilegia determinados valores, como a competição, por exemplo. Esta escola tem como código principal de expressão a palavra na sua variante culta, ou seja, da classe dominante, trabalha o raciocínio abstrato completamente desligado da prática, da realidade do aluno, etc. A criança da classe popular encontra nessa escola um professor que valoriza apenas um determinado código de comunicação, de comportamento e de valores. Vê-se logo que esta escola, que de início parecia tão democrática, na verdade, não o é. Vamos verificar que muitos professores, logo de saída, já formam uma opinião dos seus alunos. Ou ele é "bom" ou é "mau". E raramente esta opinião muda ao longo do tempo. Assim, as crianças que são mais valorizadas pela escola tendem a melhor se adaptar e alcançar relativo sucesso, ao passo que aquelas outras, que, aliás, são a maioria, acabam sendo eliminadas brutalmente desta escola, nela nada conseguindo. Ao invés de se escolarizarem, se desescolarizam neste tipo de escola, o que mais cedo ou mais tarde acaba fazendo com que essas crianças sejam excluídas, eliminadas do contexto da escola. Assim é que este estigma do fracasso se interioriza de tal forma na maioria dessas crianças, que elas passam a se comportar de acordo com a expectativa que a instituição tem em relação a elas, ou seja, a de crianças inadequadas, mal resolvidas, de péssimo rendimento, em uma palavra, incapazes. O que vai fazer com que se reforce para essas pessoas o mito de que são culpadas pelo seu próprio fracasso, e na medida em que esses futuros trabalhadores ingressem no exército de mão-de-obra disponível à exploração capitalista, serão cada vez mais acomodados, achando que receberam na escola o que deviam receber mesmo, pois são "ïnferiores" e "incapazes". A função que vão desempenhar na idade adulta não dependerá mais da sua origem de classe mas do seu "esforço pessoal".

Este juízo negativo que muitos professores formam de seus alunos manifesta-se de duas maneiras: objetiva e subjetivamente. Objetivamente, através das notas, conceitos e classificações, e subjetivamente, através de comentários, mímicas de desagrado, irritação, intolerância, através do desprezo que passam aos alunos, etc. Por isso é muito comum adultos atribuírem a si mesmos a culpa por não terem conseguido estudar: "não aprendi nada na escola porque era burro, não tinha cabeça para o estudo" (grifo nosso). Quando se sabe que o insucesso da aprendizagem tem dois lados: o de quem recebe e o de quem transmite. Não queremos crucificar os professores, mas isentar o sistema educacional como um todo da responsabilidade pelo fracasso da maioria das nossas crianças, é um equívoco.

Então, o que estamos vendo é que o critério do "esforço pessoal" desencadeia relações de automatismo que podem ser para mais ou para menos. No primeiro caso, quando o aluno, estimulado, vai rendendo cada vez mais porque se adapta mais facilmente ao estilo de trabalho do professor e à sua pessoa, e, no segundo caso, o contrário. Portanto, o que queremos mostrar é que o Currículo Oculto tem como função ideológica, através do critério do "esforço pessoal", preparar os alunos ou para serem dominados ou para serem dominantes neste tipo de sociedade em que vivemos. Pois numa sociedade competitiva como a nossa, a escola também é competitiva, porque nela só se dão bem os "melhores", e é neste tipo de escola que os filhos da classe privilegiada descobrem, muito cedo, a sua "superioridade" e os demais, a sua "inferioridade". Portanto, o critério do "esforço pessoal" tendo como conseqüência a autodesvalorização e a autovalorização, tem como objetivo perpetuar a origem de classe dos alunos, eliminando, sobretudo, daquele contexto escolar o "mau" aluno. Sim, porque se formos consultar as estatísticas mais recentes, aqueles alunos que reincidem na mesma série, que se evadem da escola, são principalmente, os rotulados de "maus alunos" e "inadaptados".

Ao exercitar um processo permanente de crítica e autocrítica das práticas escolares (Currículo Real e Oculto) poderemos viver os conflitos e as diferenças como forma de crescimento individual e social, além de construir um espaço permanente de participação na elaboração do currículo. Nossa atenção volta-se, então, para o paternalismo transmitido pelo Currículo Oculto, e, também, para um dos elementos que veiculam este último: a postura do professor. Porém, a metodologia, igualmente, pode escamotear aspectos ideológicos sérios.

Os professores devem ficar atentos aos valores que eles próprios incorporam, porque eles determinam a seleção dos conteúdos, estratégias, a metodologia, as habilidades e a avaliação... O próprio questionamento, às vezes, está impregnado de ideologia.

No tocante aos currículos escolares, cabe destacar vários aspectos importantes na transmissão do Currículo Oculto:

1º os professores não têm assegurado o pleno conhecimento do novo currículo antes de sua implementação;

2º muitos professores não têm uma posição crítica em relação ao Currículo Oculto;

3º inúmeros professores não têm consciência dos direitos dos grupos oprimidos na sociedade;

4º os currículos não são voltados para a transformação social, tendo em vista formar um cidadão consciente, crítico e participante;

5º os currículos não são representativos dos grupos desprivilegiados, pessoas de raças não-brancas, mulheres, etc.;

6º os currículos excluem os valores culturais e históricos presentes no cotidiano;

7º os currículos não ensinam a superar a situação de marginalidade vivida pelo aluno, nem a modificam no sentido de um processo de conscientização cultural e política;

8º a própria concepção dos currículos é ideológica, porque é fragmentária, desarticulada, não avançando, na prática, para uma verdadeira interdisciplinaridade e transdisciplinaridade;

9º os currículos valorizam o supérfluo, contribuindo para ampliar a marginalidade do conhecimento das mulheres, dos trabalhadores e das pessoas de raças não-brancas;

10º os currículos são montados de forma a perpetuar e legitimar as desigualdades econômicas, as divisões de classe, gênero e raça, tanto nos empregos como nas riquezas;

11º os textos didáticos veiculam ideologia e não são, via de regra, trabalhados criticamente pelos professores e especialistas.

Deste modo, a escola tem muita responsabilidade no fracasso escolar, na permanência da clientela no mesmo nível da hierarquia social e na fabricação de trabalhadores dóceis e conformistas. A educação serve para reforçar e reproduzir as divisões e injustiças sociais, não se revelando, portanto, democrática, apesar de enfatizar (só em nível de discurso) a permanência e o êxito no sistema escolar.

Como vimos, a seleção do conhecimento escolar é arbitrária, porque exclui, por exemplo, as tradições culturais de classes e grupos subordinados para priorizar as tradições culturais dos grupos e classes dominantes. Tanto o Currículo Real, Oficial (explicitamente) e o Currículo Oculto (implicitamente) têm poder socializador na escola, pois certas práticas e rituais escolares moldam e fabricam consciências. A escola legitima a divisão social, racial e sexual do trabalho, uma vez que o conhecimento escolar é distribuído de forma desigual, conforme os diferentes grupos e classes sociais. A distribuição dos Currículos Ocultos também é diferenciada, de acordo com a classe social, a raça ou etnia e o sexo da clientela. Assim, inculcam-se diferentes atitudes e características de personalidade, de acordo com os diferentes grupos e classes sociais.

O que queremos mostrar é que a escola efetivamente não tem cumprido a sua função social: transmitir conhecimentos factuais, habilidades e valores, como, por exemplo, a honestidade, e o orgulho da própria herança racial; saber aprender mais, mesmo depois que a escolarização formal tiver terminado; ser intelectualmente aberto; ver-se a si mesmo como parte de uma comunidade democrática; agir cooperativamente.

A nossa escola tem funcionado muito mais como reprodutora da ideologia do grupo dominante do que como difusora do saber. Na verdade, ela cumpre o seu papel de transmissora de conhecimentos apenas para uma minoria que pode "fazer carreira" através da escolaridade que recebe, porque para a maioria, nossa escola é uma fábrica de obstáculos, ao invés de funcionar como uma linha auxiliar de superação de dificuldades.

Urge, portanto, uma mudança de atitude, que eu diria, primeiramente de caráter ideológico e, depois, de caráter pedagógico. Esta mudança implica uma mudança de postura que possa, efetivamente, encarar o filho do trabalhador como uma peça fundamental para o nosso desenvolvimento. É necessário que se reconheça o seu direito de adquirir conhecimentos. É preciso que o professor se despreconceitue em relação a este aluno e perceba que é de fundamental importância para o processo de transformação desta sociedade, que o filho do trabalhador tenha acesso ao saber elaborado da escola. É necessário também que haja uma mudança quanto à forma de se transmitir o conhecimento, tanto a nível pedagógico quanto ideológico, aliás, o próprio conteúdo deve mudar para atender às reais necessidades do aluno e da sociedade em que se insere. Que o conteúdo transmitido não seja desligado da prática, mas que parta da realidade, da vivência, da experiência do educando. Que seja uma escola que ensine, sobretudo, a pensar, raciocinar, desenvolver o juízo crítico, conhecer a realidade em que se vive e suas contradições. Não se trata de uma pedagogia de compensação, ou seja, transformar o filho do trabalhador em burguês. Aceitando que diferença não é inferioridade, pensamos que uma nova pedagogia terá que ser formulada. Ela não sairá de gabinetes nem de cabeças iluminadas, mas da diversidade. Diversidade de idéias, saberes e experiências.

O professor é levado sempre a fazer uma escolha: contra ou a favor do aluno. E esta escolha não implica apenas uma visão pedagógica mas também, e sobretudo, uma visão ideológica, diferente.

Por último, gostaria de frisar que a ideologia do Currículo Oculto é uma faca de dois gumes: pode levar à passividade mas também à revolta. A revolta individual, nós professores, conhecemos bem. É aquele aluno que depreda a escola, é antissocial, agressivo... Frequentemente, a raiz desses comportamentos está na maneira como a escola trata este aluno. Sabemos que esta revolta pode ser canalizada de uma forma positiva, desde que o indivíduo tenha uma consciência crítica dos seus problemas: "Por que a escola funciona assim? A que interesses serve? Qual o papel do trabalhador no contexto da escola e da sociedade? Que sociedade temos? Que sociedade queremos?"

*Maria José Lopes da Silva é lingüista e docente; consultora e pesquisadora etnográfica em Educação e Cultura.

Impressora de órgãos é uma realidade!

A falta de órgãos doados e a rejeição do órgão transplantado pelo corpo do paciente, a médio prazo, deixarão de ser problemas.
Existem diferentes técnicas em desenvolvimento e algumas em prática, que o cirurgião Anthony Atala explica na palestra no video abaixo.

As mais fascinantes são:
  • A impressão 3D do órgão usando células do próprio paciente desenvolvidas em laboratório a partir de uma pequena amostra do órgão do paciente. No video é demonstrado um rim impresso com uma destas impressoras.
  • A impressão do órgão completo ou de células para corrigir um ferimento directamente no paciente. Um scanner constrói um mapa da superfície do paciente e depois são injectadas as células. No video é apresentado esse projecto.

Mendeley Desktop: uma ferramenta que facilita a vida acadêmica e científica!

Para acadêmicos de graduação, pós-graduação, pesquisadores e autores em geral o gerenciamento de artigos e referências é fundamental para economizar tempo, principalmente os que tem um banco de dados superior a 50 artigos.

Vários softwares podem ser utilizados para o gerenciamento de referências dentre os quais estão o EndNote, RefWorks, Zotero, Papers, o próprio Microsof Word e o Mendeley.

Recentemente fui apresentado ao Mendeley Desktop e vi que, além de ser um gerenciador de referências, ele faz muito mais. Ele sincroniza toda sua bibliografia virtualmente (como um backup/disco virtual), além de compartilhar essas referências com outros colegas. Permite ainda a visualização e anotações em PDFs (formato mais usado para artigos científicos) no próprio software, bem como a possibilidade de criação de uma rede social de contatos acadêmicos.

O Mendeley Desktop pode ainda estabelecer dois tipos de pastas. A pasta pública, onde todos os usuários e pessoas externas a rede do Mendeley podem acessar, e um segundo tipo de pasta pessoal que, obviamente, é uma pasta com arquivos que possuem cunho pessoal e não há interesse em compartilhar estas informações. Dentro desta pasta pessoal, há possibilidade de criar pastas compartilhadas. Por exemplo, criar uma pasta de trabalhos de conclusão de curso com seus diversos discentes e cada um pode criar uma pasta pessoal e convidá-lo para compartilhar. Imaginem como isso pode ser interessante para ambos os lados?! A redução de espaço de uso dentro de caixas de mensagem e organizando melhor os arquivos pode tornar a vida acadêmica de quem começa e de quem está há um tempo nesta área um pouco mais fácil.

Além disso, existe a possibilidade de introduzir notas e destacar partes do texto. Assim você pode ir fazendo uma pequena resenha mental através de seus pensamentos colocados exatamente enquanto lê o texto e em cima das principais partes. Após isso, na barra lateral direita, existe um campo onde há a possibilidade de criar um resumo sobre o texto, além de visualizar as notas que foram feitas por você no arquivo PDF anexado.

Todas estas informações, quando são sincronizadas, irão para o espaço virtual de 500Mb-1Gb, podendo ser expandido pela compra de mais espaço (U$ 4,99 a U$ 9,99/mês).

Com certos add-ins, você poderá ter conectado seu vasto banco de dados ao seu editor de texto (Microsoft Office ou BrOffice). Também poderá ter acesso ao compartilhamento por importação às bibliotecas do Zotero ou EndNote, bem como aos modelos de citação que a ABNT pede em sua portaria sobre formatos bibliográficos. Tudo isso com poucos cliques.  

Não usar um gerenciador de artigos ou de referências representa um atraso semelhante a digitar uma tese em uma máquina Olivetti. Principalmente para os autores de teses e artigos.

Quer mais? O Mendeley Desktop é um software free e em breve terá incluído em seu design intuitivo e de fácil manuseio o sistema de busca em vários banco de dados externos, o que já pode ser realizado com a adição de um plugin na barra do seu navegador (Web Importer).

Abaixo vocês poderão ter acesso a um tutorial que está sendo disponibilizado no Youtube.

Parte 1 - Criando uma conta e baixando o programa.
Neste vídeo veja como baixar o programa. Este vídeo é básico, mostra como é feito uma conta e como se instala o programa no seu PC. Caso seja um usuário um pouco mais avançado, entre no site do Mendeley (clique aqui), realize estes passos e depois passe aos vídeos seguintes.


Parte 2 - Inserindo os artigos e deixando suas referências corretas
Como colocar seus artigos no Mendeley com os dados bibliográficos corretos e sincronizar com sua conta online. Caso tenha dificuldades em entender o conceito de identificadores digitais deste vídeo de uma lida antes no post Identificadores Digitais.


Parte 3 - Colocando notas e sublinhando artigos científicos
Neste vídeo veja como sublinhar, anotar e como procurar os artigos em sua biblioteca.
 

Parte 4 - Cópia de segurança dos artigos 
Como ter uma pasta de backup dos artigos do Mendeley no seu computador e na nuvem do Mendeley.

Parte 5 - Compartilhamento de artigos 
Como compartilhar artigos com colegas para colaboração científica.

 

Parte 6 - Inserindo referências no texto
Como inserir citações e referências com o Mendeley em seu editor de texto.

Espero que este post tenha contribuído para tornar a elaboração de textos científicos mais fácies e menos trabalhosos e que possa ser difundido como fonte de atualização aos demais colegas e acadêmicos que ainda lutam com a máquina de datilografar ou até mesmo com a loucura da organização de sua biblioteca aos 45 minutos do segundo tempo.
Em breve outros textos relacionados à atividade acadêmica e científica serão postados.